Dei conta que já não actualizava o blog a algum tempo, então cá vai.
Fiz a meia maratona no passado dia 24 de Março (Domingo), foi a minha estreia e que estreia! O tempo estava a convidar chuva mas não passou de umas gotas aqui e ali e até fez algum calor, esteve também algum vento.
Tomei um bom pequeno almoço pelas 7h da matina e antes das 9 da manhã já estava a chegar ao tabuleiro da ponte com o meu telemovel, chave do carro e os "gels" energéticos para me alimentar de hidratos de carbono e vitaminas.
Ás 9h30 estava a caminho do "magote" de pessoal da meia e comecei a ingerir hidratos de carbono numa espécie de geleia/marmelada. Era um alimento para consumir 1h antes da prova.
Antes da partida tomei um gel liquido.
Na ponte fiz uma passada exigente mas não muito rápida, sem fazer aquecimento ainda não estava com o motor aquecido e a sensação de que o meu joelho direito podia me "trair" também fez com que eu não arriscasse muito logo nos primeiros quilómetros.
Assim que desci para Alcântra e antes de virar em direção ao Cais do Sodré, apanhei uma das águas bebi muito pouco, jorrei água em cima da fronha e bebi outro gel concentrado, este até foi o 3º que bebi pois quando descia da ponte cheguei a beber um gel.
Foi aqui que dei o 1º arranque, depois de virar no sentido do Cais do Sodré e na Av. 24 de Julho aumentei a minha passada, isto foi ao KM6 (quilometro 6). Não levei este arranque até ao Cais do Sodré mas foi o período em que aguentei mais tempo no Turbo, estava ainda semi-fresco, tinha acabado de beber mais um gel, sentia-me bem.
Passando o Cais do Sodré fui obrigado a abrandar a velocidade porque o caminho era estreito e havia muita gente a correr (até parecia que tínhamos todos combinado ir correr naquele dia! ;)
Este abrandamento durou até ao ponto de viragem, quando damos a curva para voltar no sentido inverso em direção a Alcântara, aproveitei a dinâmica da curva e voltei a acelerar.
De volta à 24 de Julho notei a minha primeira quebra, talvez ao KM12, tive uma pequena dor de barriga por ter ingerido dois gels concentrados sem água, esse erro tirou-me velocidade durante essa altura, algo que tenho que corrigir na próxima vez.
Quando passei por baixo da ponte já estava melhor e de vez em quando ia fazendo algumas acelerações e estava a chegar à fase mais dura da prova, passar por Belém e ter de ir a Algés.
Quando passei em frente à meta (estava do outro lado), até me sentia relativamente bem, contudo a dureza da prova começou a vir ao de cima por volta do km17, km18.
Senti alguma falta de energia, nesta altura, comecei a quebrar e alguns factores contribuíram para isto, por um lado nunca mais chegava o ponto de viragem em Algés, depois quando vi o km18 (estava nesta altura com cerca de 1h30 de tempo) , lembrei-me que nunca tinha corrido mais do que 18km nos treinos e só o fiz uma vez. Por outro lado já via algumas (mas poucas) pessoas a andar, depois estava vento e alguns atletas estavam-me a ultrapassar. O meu joelho direito também começou a acusar o esforço ao me lembrar com uma pequena dor.
Será que estava à altura do desafio? A incerteza, as duvidas surgiram nesta altura por alguns instantes no meu pensamento, precisava de um estimulo, de uma motivação extra. Precisava não só de aguentar até ao fim, mais do que isso, precisava de me sentir com energia para aumentar a minha velocidade.
Apesar de ter alguns gels não queria tomar já, queria primeiro agarrar uma água para não voltar a doer a barriga como tinha acontecido uns kms antes. Entretanto a esperança começou a renascer quando vi ponto de viragem, ou seja ia mudar o sentido de Algés para Belém.
Finalmente, agora era dar mais um pouco de gás para chegar à meta. Ao contrário do que aconteceu no terreiro do paço, não fiz nenhuma aceleração aqui e nesta altura não tive genica para isso, mantive a velocidade.
Surgiram as águas, era o estimulo que precisava, ingeri alguma água, ingeri um gel concentrado e mais à frente vi a motivação que procurava e que foi fundamental: o Kilometro 20!
Foi ao km20 que houve nova inflexão no meu desempenho, olhei para o relógio e marcava 1h41m, estava com um bom tempo e só faltava mais 1km, não tive outra escolha se não fazer o que eu há muito queria fazer: acelerar. Senti a energia vir ao de cima e todo o trabalho feito nos treinos e aquela capacidade mental em aguentar a dor e manter uma agressividade saudável para dar tudo por tudo veio ao de cima.
O ultimo quilómetro completei em menos de 5 minutos, queria muito fazer o melhor possível e assim passei a meta aos 105 quase 106 minutos de prova (1h 45m e 56s). Correu melhor do que eu pensava e estou muito motivado para melhorar e fazer outra prova.